Autora capixaba lança em Linhares livro infantil sobre congo

"Memórias de Mirim" traz versão digital animada com recursos de audiodescrição e Libras

Foto: Elaine Dal Gobbo

Apresentar aos pequenos uma parcela da riqueza cultural e histórica do seu estado natal, numa linguagem de fácil entendimento, é uma das propostas da autora, pedagoga, ilustradora e congueira Michele Boldrini. A capixaba lança no domingo, dia 27 de outubro de 2024, na comunidade de Regência, em Linhares, o livro infantil “Memórias de Mirim”, que tem o congo capixaba como tema. Michele já fez um pré-lançamento da edição na Flip 2024 e, agora, prestigia sua cidade com essa nova ação.

O lançamento em Linhares contará com as bandas de Congo Mirim de Regência, de Povoação e de Areal, as quais irão se apresentar. Na ocasião, a autora distribuirá, gratuitamente, exemplares da obra para os membros das bandas.

Patrimônio cultural imaterial do Espírito Santo, a manifestação popular congo mistura o batuque dos povos originários e africanos com a devoção aos santos católicos. Além da edição física, a obra traz versão digital animada com recursos de audiodescrição e Libras no Youtube. É uma produção de Mich e editora Cousa, realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, pela Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Linhares, Secult ES, MinC e Governo Federal.

Além do lançamento na comunidade de Regência, Michele adianta que também fará a doação de 100 exemplares do livro para escolas municipais da cidade de Linhares, e doações para a Biblioteca Municipal e a Serlihges – Seccional Regional de Linhares do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.

A primeira experiência de Michele Boldrini com os seus leitores mirins aconteceu na Casa Pagã, na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, no início deste mês. A escritora promoveu um pré-lançamento de “Memórias de Mirim”, na Casa, como parte da agenda paralela da Festa Literária Internacional de Paraty – Flip. O espaço, criado em 2023, reúne editoras independentes com o objetivo de fomentar a programação literária.

“Este é meu primeiro livro infantil. Estou bem contente, pois sinto que ele representa a mistura de tudo que me atravessa: o designer gráfico, a arte, a infância, a educação, o Congo capixaba, regência, afeto, memória e devoção. Compreendo as manifestações culturais e suas celebrações, como tecnologias ancestrais de fortalecimentos identitário, político e comunitário. Por isso, almejo construir ferramentas pedagógicas, como livros e jogos, que as contemplem e fortaleçam”, ressalta a autora sobre os incentivos à concepção da primeira obra.

Publicado pela editora Cousa, o livro tem 22 páginas e ilustrações da própria autora. Com o objetivo de aprofundar o conhecimento dos pequenos leitores, a obra traz um vocabulário com os principais assuntos citados no texto, como: congo capixaba, patrimônio cultural imaterial, ganzá, toada, dentre outros. O livro conta ainda com versão animada e acessível, com recursos de audiodescrição e Libras. O exemplar físico custa R$ 40,00, e pode ser adquirido com a Editora Cousa. Haverá também a disponibilização da versão digital gratuita do livro nas plataformas digitais.

Sobre a autora

Michele Boldrini é natural de Linhares (ES) e reside no distrito de Regência Augusta. Congueira, umbandista, artista, educadora, ilustradora e designer gráfica. Começou a frequentar Regência como voluntária na Casa Rosa, um espaço educativo dedicado às crianças da Vila, e na correalização dos Festivais Regenera Rio Doce, e dos Encontro de Cultura Ancestral do Rio Doce, realizados na Aldeia de Areal.

Devido a essas experiências, optou pela graduação de Pedagogia, na Faculdade Municipal de Linhares – FACELI, para atuar no fortalecimento histórico cultural, e na luta pelo direito à vida e à celebração. Seu TCC abarcou um estudo sobre o congo capixaba, patrimônio cultural e memória coletiva, em forma de agradecimento à contribuição dos membros da banda aos seus estudos, cooperou como voluntária no Encontro de Bandas de Congo de Regência. Diante disto, foi convidada pela presidenta da associação do congo para integrar a banda, na qual exerce atualmente a função de secretária.

A convite de Luciana Souza tornou-se uma das coordenadoras da Banda de Congo Mirim de Regência, junto a Luciana, Morena e o capitão Davi. Participou da Formação de Histórias em Quadrinhos promovida pelo Projeto Narrativas Periféricas, onde ministrou oficinas de Introdução a História em Quadrinhos na unidade socioeducativa Unis. E consolidou como objetivo profissional, atuar nas comunidades tradicionais da calha do Rio Doce através da produção de livros e jogos que reafirmam a cultura local.