Em 2025, o Espírito Santo concentra 99% dos casos de febre oropouche registrados no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Nas duas primeiras semanas do ano, foram notificados 893 casos da doença no país, com 886 ocorrências somente no estado capixaba. O governo estadual atribui esse alto número ao trabalho intensificado do Laboratório Central de Saúde Pública, que implementou um protocolo próprio e realiza testes em 100% dos casos suspeitos.
Desde abril de 2024, o Espírito Santo já realizou 28.843 testes para febre oropouche, resultando em 6.917 confirmações. Em resposta ao aumento dos casos, o Ministério da Saúde enviou equipes a Vitória para fortalecer a vigilância epidemiológica e reorganizar os serviços de saúde. Além disso, foram intensificadas ações de educação em saúde e mobilização para eliminar os criadouros do mosquito transmissor da febre, o Culicoides paraensis.
A febre oropouche, identificada pela primeira vez no Brasil nos anos 1960, apresenta sintomas semelhantes aos da dengue, incluindo dores musculares, náuseas e dor de cabeça. No ano passado, o Brasil registrou 13.801 casos da doença, com três mortes confirmadas. Especialistas apontam mudanças climáticas, a circulação de vetores em novas áreas e a falta de preparo da saúde pública como fatores que contribuem para essa epidemia histórica.
O secretário de Saúde do Espírito Santo, Tyago Hoffmann, ressalta que o estado possui uma taxa de testagem muito acima da média nacional, o que pode explicar a quantidade elevada de casos notificados. Ele afirma que a situação está “razoavelmente controlada”, com poucos pacientes necessitando de internação. O Ministério da Saúde continua monitorando a situação e coordenando ações em conjunto com estados e municípios para o controle das arboviroses.
Caso em João Neiva
O Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES) confirmou nesta terça-feira (14) o primeiro caso da Febre Oropouche em João Neiva. A doença é transmitida, principalmente, pelo mosquito maruim, também conhecido como “mosquito-pólvora”. O paciente possui 57 anos e está recebendo o tratamento em casa, não sendo necessária a internação. Os sintomas iniciaram em 09 de janeiro e o paciente já está curado.
Dengue no ES
Recentemente, o Espírito Santo e os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Santa Catarina foram responsáveis por 84% dos casos de dengue no Brasil, conforme revelou Ethel Maciel, secretária nacional de Vigilância em Saúde. Durante uma coletiva de imprensa sobre a criação do Centro de Operações de Emergência (COE) para Dengue e outras Arboviroses, Maciel atribuiu o aumento nos casos às condições climáticas adversas, como o fenômeno El Niño, que provoca altas temperaturas e seca, levando as pessoas a armazenar água de forma inadequada, favorecendo a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Outro ponto crítico abordado foi o ressurgimento do sorotipo 3 do vírus da dengue, que não circulava de forma significativa no Brasil há 17 anos. Com um aumento notável nos registros deste sorotipo nas últimas semanas, as autoridades de saúde estão em alerta, uma vez que grande parte da população não possui imunidade a essa variante. Maciel enfatizou a importância do monitoramento da circulação desse vírus no COE, destacando a vulnerabilidade da população diante dessa nova ameaça.