Nesta quarta-feira (22), o dólar sofreu uma queda significativa, sendo negociado abaixo do patamar psicológico de R$ 6, cotado a R$ 5,940, uma desvalorização de 1,50%. Este movimento reflete a reação dos investidores à política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que começou seu segundo mandato com ameaças de tarifas de importação a produtos da União Europeia, China, Canadá e México. A cotação do dólar é a menor desde que ultrapassou R$ 6 em novembro do ano passado, enquanto a Bolsa de Valores registrou uma leve queda de 0,07%, aos 123.247 pontos.
A influência da política interna também é notável, com o mercado atento a possíveis novos anúncios de medidas fiscais do governo Lula. O foco permanece na capacidade do governo de equilibrar as contas públicas, especialmente em um cenário onde o Congresso está em recesso até 2 de fevereiro. O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, indicou que o governo poderá apresentar novas medidas se necessário para cumprir as metas fiscais.
Analistas destacam que, embora o real esteja se valorizando, essa recuperação não é isolada. O aumento da taxa Selic, atualmente em 12,25% e prevista para chegar a 14,25% até março, também contribui para tornar a moeda brasileira mais atraente para investimentos. O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos pode favorecer o real no mercado financeiro, especialmente em estratégias de “carry trade”.
Contudo, o cenário permanece incerto. O temor sobre um possível repique inflacionário nos EUA devido às tarifas pode impactar a economia local e a política monetária, forçando o Federal Reserve a manter juros elevados. Os investidores permanecem cautelosos, monitorando de perto as ações do governo Trump e suas implicações para a economia global e, consequentemente, para o mercado cambial brasileiro.