A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou, nesta segunda-feira (3), a proibição da comercialização e o recolhimento dos produtos da marca Vibe Coffee, do Espírito Santo. Além dessa marca, outras cinco marcas de café também têm sido alvo de punições desde junho.
De acordo com a agência, a Vibe Coffee estava operando sem a licença sanitária necessária e vendendo seus produtos sem regularização, tanto em seu site quanto em plataformas de vendas online. A Anvisa também apontou graves falhas nas práticas de fabricação, como a falta de rastreabilidade dos produtos, ausência de procedimentos operacionais padrão e condições inadequadas de higienização.
Em entrevista, o proprietário da Vibe Coffee, Luciano Beite, explicou que a empresa é pequena, com apenas dois funcionários, e se considera uma microtorrefação. Beite afirmou que, desde fevereiro, a empresa vinha solicitando a visita da vigilância sanitária estadual para regularizar sua licença e expandir os negócios. Apesar de reconhecer que não havia manuais de boas práticas nem procedimentos operacionais definidos, ele afirmou que a empresa sempre zelou pela higiene e não sabia das exigências rigorosas que seriam cobradas. A Vibe Coffee interrompeu suas atividades após a análise da Anvisa para corrigir as irregularidades apontadas.
Outras Proibições
Em junho, outras marcas de café foram proibidas e seus produtos recolhidos pela Anvisa. Entre elas estão as marcas Oficial, Melissa e Pingo Preto, que foram classificadas como “cafés falsos” devido ao uso de matérias-primas impróprias para consumo, contaminadas por micotoxinas, como a ocratoxina A, uma substância tóxica produzida por fungos. A Anvisa também criticou as embalagens dessas marcas, que poderiam induzir os consumidores ao erro, com termos como “polpa de café” e “café torrado e moído”.
Em resposta, duas das empresas afetadas se manifestaram. O Grupo Jurerê, responsável pela marca Pingo Preto, explicou que a produção havia sido interrompida em janeiro de 2025 e que o produto se tratava de uma “mistura para preparo de bebidas”, não de café torrado e moído. A empresa afirmou que não recorrerá da decisão e já fez o recolhimento dos lotes residuais, destacando que o desenvolvimento do produto foi acompanhado e validado pela vigilância sanitária estadual.
Por sua vez, a DM Alimentos, fabricante da marca Melissa, contestou a proibição, alegando que o produto não era comercializado como café torrado e moído e considerou o enquadramento da Anvisa “tecnicamente equivocado e juridicamente inadequado”. Já a marca Oficial não se pronunciou até o fechamento da reportagem.
Além dessas, a marca Café Câmara também foi proibida após a descoberta de fragmentos semelhantes a vidro em um de seus lotes. A Anvisa determinou a apreensão de todos os lotes, tanto do café extraforte quanto do tradicional, e proibiu sua comercialização, distribuição e propaganda. O produto tinha origem desconhecida, e as empresas responsáveis pelas embalagens estavam irregulares.
Outro caso é o do café em sachê Fellow Criativo, da marca Cafellow, que foi proibido pela Anvisa por dois motivos: o uso de extrato de cogumelo Agaricus bisporus, ingrediente não autorizado em alimentos no Brasil, e alegações irregulares de que o produto “controla a insulina e diminui o colesterol”. A Anvisa considerou que essas afirmações poderiam induzir o consumidor ao erro. A Cafellow, por sua vez, afirmou que a proibição foi causada por um “erro de nomenclatura” e justificou que a falha ocorreu por falta de conhecimento regulatório. A empresa suspendeu temporariamente as vendas e pretende regularizar o produto.
Como Verificar se um Produto Está Irregular?
A Anvisa disponibiliza uma ferramenta online para que os consumidores verifiquem se uma marca está com irregularidades. Para acessá-la, basta:
- Entrar no site https://consultas.anvisa.gov.br/
- Clicar no ícone “Produtos Irregulares”
- Pesquisar o nome da marca, o tipo de produto ou a data de publicação da medida
- Clicar em “Consultar” para obter as informações.
Também é possível verificar se a empresa que vende o produto está registrada na base de dados do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). Para isso:
- Acesse o site do Mapa
- Pesquise o número de registro, a razão social ou o CNPJ da empresa
- Verifique se está com a situação “Ativa” no campo “Situação do Estabelecimento”
Além disso, o Mapa também divulga uma lista de outras marcas de café consideradas impróprias para consumo, cujos produtos foram recolhidos por motivos como desclassificação ou CNPJ suspenso. A lista pode ser consultada diretamente no site do Ministério.




