O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), divulgou um relatório preliminar sobre a queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP) no mês passado, que resultou na morte de 62 pessoas. Segundo o relatório, os pilotos relataram problemas no sistema de descongelamento (de-icing) logo no início do voo. A formação de gelo severo na região é uma das principais linhas de investigação, conforme a análise das comunicações no cockpit e os fatores operacionais e humanos envolvidos.
Os diretores do CENIPA, durante a apresentação, destacaram conversas dos pilotos sobre falhas técnicas. O comandante mencionou uma possível falha no sistema de descongelamento das asas, enquanto o copiloto alertou sobre a presença de “bastante gelo” na aeronave minutos antes do acidente. Apesar dessas afirmações, o CENIPA ressalta que essas informações ainda precisam ser confirmadas com dados adicionais do gravador de voo (FDR).
A investigação preliminar também revelou que o sistema de descongelamento foi ativado pelo menos três vezes durante o voo. No entanto, o avião operou por seis minutos com o alerta de gelo sem que o sistema de degelo fosse ligado. Os investigadores ainda não têm certeza se essa desativação foi uma escolha da tripulação ou se uma avaria estivera fora de controle. O Cenipa descartou várias hipóteses, mantendo a análise aberta a todas as possibilidades.
Os registros de manutenção da aeronave estavam atualizados e o avião, um ATR 72-500, estava apto para voar em condições de gelo, conforme afirmado pelos especialistas presentes. Foi constatado que o chamado Pack de número 1, parte do sistema de climatização e pressurização, estava inoperante, limitando a altitude de voo. Os pilotos estavam cientes da previsão de gelo severo na rota, com informações meteorológicas disponíveis que indicavam a possibilidade de formação de gelo entre 12 mil e 21 mil pés.
Importante frisar que o objetivo do relatório preliminar do CENIPA não é identificar culpados, mas sim analisar os fatores que possam ter contribuído para o acidente e sugerir medidas de segurança para evitar futuros incidentes. O brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do CENIPA, enfatizou que os dados apresentados são puramente informativos e não conferem responsabilidades.
Enquanto isso, a Polícia Federal realiza uma investigação paralela, analisando dados que buscam identificar se houve responsabilidades criminais no acidente. Os dois órgãos trabalham em conjunto, com a PF acompanhando de perto a coleta e análise de dados técnicos. Em resposta ao relatório preliminar, a Voepass ressaltou que seguem colaborando com as autoridades e dando suporte às famílias das vítimas, reafirmando seu compromisso com a segurança de passageiros e tripulantes.