A irmã do homem que foi baleado durante uma abordagem policial na noite da última segunda-feira (7), nas proximidades da Apae, em Nova Venécia, entrou em contato com a Rede Nova Onda para falar sobre o caso.
Adriana Silva Ferreira, de 42 anos, se mostrou indignada em relação à maneira em que seu irmão, Donizete Ferreira, 35, foi tratado pela Polícia Militar e a situação na qual ele se encontra no momento.
Segundo ela, o irmão tem sérios problemas psicológicos, faz acompanhamento no Caps e toma remédios controlados. Adriana afirma ainda que, apesar dos problemas, o irmão dela não é uma pessoa agressiva. Para ela, houve excesso de violência e desrespeito por parte dos militares. “Não tinha necessidade de dar dois tiros nele. Eles já tinham jogado spray de pimenta e a faca que ele estava era pequena e nem tinha ponta. Ele não era uma ameaça. Além disso, deixaram ele caminhar baleado, sangrando, da Apae até o sinal. Ele perdeu muito sangue e agora está internado no Roberto Silvares, em uma situação ruim”, afirma Adriana.
Internado e algemado
Nesta quarta-feira (9), Adriana conseguiu ir até São Mateus, no Hospital Roberto Silvares, e relatou que o irmão está internado e com as duas mãos algemadas à maca do hospital. Ele passou por uma cirurgia para a retirada de parte do intestino. Ela disse que, apesar de já ter explicado a situação para a direção do hospital e para a polícia, militares informaram que assim que Donizete sair do hospital, vai para a prisão porque há um mandado contra ele.
“Ele está no hospital escoltado pela polícia. Vou precisar procurar um advogado para, depois que ele se recuperar, que ele não vá preso. A situação dele não é boa. Está com a barriga aberta, de cima até embaixo, e perdeu muito sangue. Eles não queriam me deixar entrar na sala para ver ele, mas depois eu consegui. Eu estou muito nervosa por causa da situação em que o meu irmão se encontra. Meu irmão não é bandido. Isso é desumano. Estão tratando ele como um lixo. Nem cachorro deve ser tratado assim”, desabafa Adriana.
Resposta da Polícia
Em entrevista à Rede Nova Onda nesta quinta-feira (10), o comandante do 2ª Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Mário Marcelo Dal Col, disse que a Polícia abordou o indivíduo da forma correta, primeiro com o comando de voz, e depois, com a investida do homem, o policial acabou efetuando os disparos para que a agressão contra o militar não fosse a diante.
“É preciso lembrar que algumas pessoas já foram mortas no meio da rua da mesma forma, como o caso de uma menina que foi esfaqueada e morreu em uma calçada em São Mateus, de forma gratuita. Nesta ocasião, chegou a denúncia de que um homem estava com uma faca, ameaçando pessoas na rua. A guarnição foi até ele e primeiro fez a abordagem por voz. Depois das tentativas o homem investiu no policial, desferindo os golpes com a faca. O militar, em seu direito de defesa, utilizou o que tinha naquele momento para tentar conter a violência. Na hora não é possível perceber se a faca é ou não pequena ou de serrinha. O que não havia dúvida era de que ele estava de posse de uma faca. No momento estavam apenas dois policiais. Mesmo depois de ter sido baleado, o homem saiu andando e só parou quando chegou reforço de outra viatura. Nesse momento ele entregou a faca e os próprios policias fizeram o socorro e levaram ele para o hospital para receber atendimento médico”, afirmou o comandante ao dizer que não viu excesso por parte da polícia.
Relembre o caso
De acordo com o Boletim Policial, a guarnição foi acionada às 22h50 por uma pessoa que informava que havia um indivíduo exibindo uma faca na cintura e intimidando pessoas. O suspeito, Donizete Ferreira, de 35 anos, foi encontrado em um ponto de ônibus na Avenida Vitória, nas proximidades da Delegacia de Nova Venécia. Ele ignorou a ordem de abordagem e continuou andando.
Em frente à Câmara de Vereadores os militares tentaram nova abordagem. Neste momento o homem assumiu que estava com uma faca, porém ameaçou partir para cima da guarnição, sendo foi feito o uso do gás de pimenta. Ainda assim ele continuou desobedecendo as ordens de parada e saiu do local.
Já na avenida Mateus Toscano, próximo à Apae, foi dada nova ordem de parada ao infrator para que largasse a faca. Nesse momento ele avançou em direção a um militar e desferiu golpes de faca. O militar conseguiu se esquivar e neste momento, para se defender, efetuou dois disparos contra o agressor. Mesmo baleado o homem ainda saiu andando pelo Centro da cidade.
Com o apoio de outra guarnição, os policiais conseguiram abordar o suspeito. Neste momento ele obedeceu às ordens e jogou a faca ao chão. Contido, foi providenciado socorro ao homem.
No Hospital São Marcos foi constatado que o homem levou dois tiros no abdômen. Após os primeiros atendimentos no local, ele foi transferido para o Hospital Roberto Silvares, em São Mateus.
Quando ainda estava no Hospital São Marcos, em Nova Venécia, foi relatado que o homem possui histórico de deficiência mental.