Um laudo médico complementar, apresentado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) à Justiça estadual, levanta novas questões sobre a morte da médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos, ocorrida em setembro em um hotel em Colatina. O documento sugere que a morte de Juliana pode não ter sido acidental, como inicialmente alegado. O relatório indica que o trauma na cabeça da vítima foi causado enquanto ela ainda estava viva, e que a morte ocorreu pelo menos uma hora antes de seu marido, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, ter solicitado socorro médico.
De acordo com o laudo, Juliana faleceu devido a broncoaspiração e asfixia, resultantes de intoxicação por morfina e edema cerebral ocasionado por traumatismo cranioencefálico. O relatório enfatiza que os hematomas encontrados no corpo da médica são compatíveis com ferimentos sofridos em vida, contrariando as alegações do marido de que ela ainda estava convulsionando quando o socorro foi chamado. As investigações apontam que o falecimento ocorreu entre 4h e 8h da manhã do dia 2 de setembro, enquanto Fuvio acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) apenas às 9h16min, quase uma hora após sair do quarto.
Fuvio Serafim, ex-prefeito da cidade mineira de Catuji, foi denunciado pelo MPES por feminicídio, mas a 1ª Vara Criminal de Colatina havia anteriormente arquivado o caso, alegando que a morte foi causada por uso de substâncias tóxicas. A defesa de Fuvio, que argumenta que a morte de Juliana foi um resultado trágico de broncoaspiração e não de homicídio, contestou a nova interpretação dos fatos. O advogado do réu, Pedro Lozer, afirmou que uma defesa robusta, junto com diversos depoimentos, comprovou a ausência de crime doloso contra a vida.
Com a nova evidencie apresentada, o MPES busca reverter a decisão da Justiça que havia absolvido Fuvio, com o intuito de que o caso seja reavaliado em sua totalidade. O laudo complementar coloca em xeque as declarações do ex-marido e reacende o debate sobre a possibilidade de feminicídio, diante das circunstâncias obscuras que envolveram a morte da médica. A expectativa é que o Tribunal de Justiça do Espírito Santo examine as evidências e a narrativa em torno desse trágico episódio, considerando as implicações legais e sociais que emergem desse caso.