A sessão de hortifruti dos supermercados e as feiras têm chamado a atenção dos consumidores nas últimas semanas. Os preços de frutas, legumes e verduras subiram. O principal motivo é a redução dos produtos na Ceasa, onde houve queda de 25% na oferta.
Pela Central de Abastecimento, em Cariacica, passam cerca de 12 mil pessoas diariamente. São mais de quatro mil produtores. Atualmente, são mais de 1,4 milhão de quilos de itens básicos. Mas esse número já foi bem maior. Alguns itens estão com oferta menor, como a cenoura.
“A chuva afetou muito. Lá em São Gotardo, Minas Gerais, é um município que oferta muito aqui para a Ceasa. Quase 70% da cenoura comercializada na Ceasa vem diretamente lá de São Gotardo. Pelo fato da oferta dela ter sido menor, automaticamente o preço dela subiu”, explicou o subgerente técnico da Ceasa, Eriko Siqueira.
“Também diminuiu a oferta de repolho. Caiu na faixa de 50% e, automaticamente, o preço vai sendo elevado. O tomate, que entrava diariamente cerca de 180 a 200 mil kg, agora só está entrando 70 mil kg por dia. E hoje o preço do tomate está saindo de R$ 160 a R$ 170 a caixa”, completou.
Antes da pandemia, a Ceasa recebia quase dois milhões de quilos de alimentos por dia, 30% a mais do que atualmente. A redução da oferta se dá principalmente por questões climáticas. Com isso, a colheita é menor, como explica o produtor Aristides Holz.
“Primeiro choveu muito e depois entrou uns dias de sol. Outra coisa também é a guerra que está tendo entre a Ucrânia e a Rússia, por causa do adubo e dos defensivos. E o próprio combustível, que está muito caro. Então o produtor hoje está plantando muito menos”, desabafou.
Preços altos devem continuar, prevê Ceasa
Para os preços baixarem é preciso uma combinação de fatores: redução no valor dos combustíveis, fertilizantes e adubos, além da ajuda do clima.
“O custo de produção aumentou muito e diminuiu essa produção. Então eu acredito que nós vamos amargar uns dois ou três meses com esse preço em alta e a oferta de produto continuará sendo pequena”, disse o subgerente técnico da Ceasa.
Guerra na Ucrânia pode impactar ainda mais a produção
A médio prazo, a guerra na Ucrânia também pode pressionar ainda mais os preços de itens importados, como fertilizantes, além do preço do combustível.
“Cerca de 60% do consumo de fertilizante é importado da Rússia. Com esse conflito, a gente passa a ter um impacto negativo com relação ao preço do fertilizante. A gente também tem a importação do combustível, refinado de fora. Então o aumento do preço do petróleo ocasiona isso”, disse o doutor em finanças Fabrício Nunes Azevedo.
Ainda assim, muita gente consegue fazer um bom negócio. João Carlos Ribeiro tem um comércio no Rio de Janeiro e percorre 350 km dois dias por semana para fazer a feira no Espírito Santo e revender em Macaé, no Norte fluminense.
“A gente tenta negociar para comprar mais em conta. Mas tomate, cenoura e beterraba a gente não consegue. Geralmente quando a mercadoria fica difícil não tem negociação. Você tem que pagar o que eles querem”, disse.
Fonte: Folha Vitória