O Polícia Civil divulgou detalhes sobre a prisão, em Aracruz, de três suspeitos de aplicarem o Golpe da Cura Espiritual. O trio de golpistas, do Rio de Janeiro, foi preso no Centro de Aracruz, no último dia 16 de junho.
Segundo a Polícia Civil, em um período de 6 meses, foram 16 vítimas em 6 municípios do ES, entre eles, Serra, Piúma, Cariacica, Santa Maria de Jetibá, Aracruz e João Neiva.
O Delegado Dr. Leandro Sperandío, responsável pelas delegacias de Aracruz e João Neiva, disse que eles atuavam nos estados do RJ, BA, MG e ES. As vítimas eram idosos que possuíam algum problema de saúde. Elas geralmente eram abordadas perto de caixas eletrônicos e próximos ao dia de pagamento de aposentadorias.
Ouça a entrevista completa com o Delegado Dr. Leandro Sperandío
O Golpe
A vítima era abardoda por um dos golpistas, que fingia conhecer algum parente da vítima, ao mesmo tempo em que buscava saber sobre seus problemas de saúde. O golpista indicava um carandeiro que, por sua vez, dizia que uma maldição havia caido sobre a vida da vítima e que aquela doença iria acabar atingindo seu patrimônio.
O golpista, então, pedia para a vítima entregar uma nota de dois ou cinco reais para ele fazer uma oração sobre aquela nota e tirar todo o mal. “Ele ardilosamente tinha a ponta do dedo dele manchava com uma tinta vermelha, ele pedia para a vítima cuspir na nota e vitima, já emocionalmente fragilizada, cuspia. Ele passava aquela ponta vermelha na nota e dizia que a vitima estava cuspindo sangue”. disse o delegado.
Após iludir a vítima, o golpista pedia então que ela entregasse todo o dinheiro que tinha na bolsa ou fizesse um saque de todo o dinheiro em um caixa eletrônico, para uma nova oração que iria acabar com a maldição.
Uma vez que a vítima entregava o dinheiro, o criminoso colocava-o em um envelope, alegando que faria a oração nele. O envelope era então substituido por um cheio de boletos e cartões de loteria em branco. No golpe, a vítima não poderia abrir o envelope até a noite ou até o dia seguinte, caso contrário a oração perderia o efeito.
Os criminosos mantinham envelopes pré-preparados no carro, onde também havia uma imagem de santa exposta para dar mais credibilidade à situação. Após obter o dinheiro das vítimas, eles deixavam a cidade rapidamente
De acordo com a polícia, o valor máximo roubado foi de 15 mil reais, retirados de uma vítima no Rio de Janeiro. Em outros estados, os valores roubados variavam entre hum mil e três mil reais em cada golpe.
A Investigação e a Prisão
No dia 31 de maio, a polícia deu início às diligências após o golpe ter sido aplicado contra uma senhora em João Neiva, causando um prejuízo de R$2,1 mil.
No dia 7 de junho, o veículo utilizado pelos criminosos foi interceptado pela PRF em Itapemirim, enquanto os três suspeitos se dirigiam ao Rio de Janeiro durante um feriado. Durante a abordagem, foram encontrados envelopes para depósito, a imagem de uma santa e bilhetes em branco de loteria. Nesse momento, os suspeitos foram submetidos a um processo de identificação civil, visando permitir que a polícia judiciária representasse pelas prisões.
No dia 16, um cerco foi montado no Centro de Aracruz para efetuar as prisões. Os três homens foram presos logo após aplicarem um golpe.
Em seus interrogatórios, confessaram o crime de estelionato e foi constatado que todos já possuíam registros policiais por cometerem o mesmo crime em outros estados.
Posteriormente, foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP).