Novos laudos confirmam infecção por fungos no Hospital Santa Rita

Novos resultados de exames laboratoriais confirmam que o surto de infecção no Hospital Santa Rita, em Vitória, provavelmente foi causado pela histoplasmose, uma doença provocada por fungos presentes no ambiente, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Esses fungos são comumente encontrados em fezes de aves e morcegos e podem infectar pessoas com um sistema imunológico saudável.

Em entrevista à Rádio CBN Vitória, o secretário estadual de Saúde, Tyago Hoffmann, anunciou que a Sesa recebeu laudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que confirmaram a presença do fungo em amostras sanguíneas de mais oito pessoas, somando nove casos positivos de histoplasmose até o momento.

“Estamos realizando mais exames, pois é fundamental determinar o número exato de pessoas afetadas por esse surto. Também queremos identificar eventuais casos suspeitos que possam ter outra doença”, disse Tyago Hoffmann.

O secretário também desmentiu a circulação de um áudio, atribuído a uma suposta médica do hospital, que mencionava a ocorrência de 30 novos casos graves. “Os dados estão sendo divulgados diariamente em nosso boletim no site da Secretaria de Saúde”, esclareceu.

De acordo com Hoffmann, até sexta-feira (7), a Sesa deve receber novos laudos da Fiocruz e do Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES), e a investigação deverá ser concluída em breve.

Histoplasma: Fungos encontrados em fezes de aves e morcegos

A repórter Caroline Freitas, de A Gazeta, conversou com a professora Sarah Gonçalves Tavares, do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que explicou que o fungo histoplasma é encontrado principalmente em solos contaminados com fezes de aves e morcegos.

Ambientes com pouca luz, como cavernas e galerias, e temperaturas moderadas, entre 18°C e 21°C, são os mais propensos à presença do fungo.

A especialista destacou que a maioria dos fungos não causa doenças, mas o histoplasma é um patógeno primário, o que significa que pode afetar até mesmo pessoas com sistema imunológico saudável. Ela também mencionou que, embora a maioria dos pacientes contaminados não apresente sintomas, cerca de 5% desenvolvem quadros de pneumonia, que podem variar de leves a graves.

A gravidade da infecção depende da quantidade de fungo inalada e do estado de saúde da pessoa. Indivíduos com sistema imunológico comprometido ou com comorbidades podem apresentar formas mais severas da doença.

“Se eu inalar uma grande quantidade de fungo, posso desenvolver a doença. Isso pode ocorrer em ambientes fechados, como galpões ou locais com ar-condicionado contaminado. A infecção geralmente afeta os pulmões”, explicou a professora Sarah.